Saudades de Nikita

Khrushchev

O pícaro coronel Khadafi, pseudo-Nehru da aurora do século 21, tinha 15 minutos para discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas. Falou durante 95 – Fidel Castro, recordista absoluto da especialidade, dispendeu 240 em 1960 –, disparando em todas as direcções, qualificando o Conselho de Segurança como terrorista, e chegando a lançar estrondosamente ao chão um exemplar em árabe do documento fundador da instituição que o acolhia. Jogando com o estatuto de inimputável e chantagista que lhe permite compor perfomances desta natureza sem que, no mínimo, alguém se erga do seu lugar e saia da sala ostensivamente, deixando-o a arengar para confrades e clientes. Ou proteste batendo com um sapato na respectiva bancada, como o fez certo dia o saudoso líder soviético Nikita Khrushchev, outro personagem razoavelmente burlesco que foi determinante no seu tempo. Mas esse ao menos tinha alguma piada e não fazia explodir aviões de passageiros no ar.

    Atualidade, Etc., Memória.