Apesar do aniversário ser quase ignorado pela nossa «imprensa de referência», passam hoje 50 anos sobre a morte trágica de Albert Camus, ocorrida na sequência de um acidente de automóvel. Logo com ele, que tinha medo da estrada. Um bom dia para evocar a vida e o esforço de um intelectual engagé – no sentido puro, zoliano, do termo – ao qual a História acabaria por dar razão, tanto no seu combate contra os totalitarismos como na dolorosa querela com o ex-amigo Sartre, suscitada pela publicação, em 1951, de O Homem Revoltado. Uma obra, editada há muitos anos em Portugal pela Livros do Brasil, na qual Camus questionava o terrorismo de Estado e o papel que a esquerda intelectual atribuía à violência revolucionária. A verdade, seja ela de direita ou de esquerda, eis o que contava para este «francês da Argélia» que teve um dia a ousadia de proclamar que a ter de escolher entre a justiça e a sua própria mãe optaria pela mãe.