O caso não é tão estranho quanto seria de supor. Conta-se que algo de parecido aconteceu com Walt Whitman, por exemplo. E dizem-me fontes seguras que até em solo pátrio houve já quem não resistisse à tentação. Mas não deixa de ser um pouco triste que o historiador e professor britânico Orlando Figes – de quem li um muito recomendável The Whisperers: Private Life in Stalin’s Russia – tenha cedido ao expediente fácil de assinar com outros nomes, no site da Amazon, recensões elogiosas dos seus próprios livros e críticas mortíferas de obras lançadas pela «concorrência». Quero crer que se tratou apenas do gesto irreflectido – ainda que tenazmente repetido – de alguém carente e desejoso de alcançar o afecto do público, se possível materializado no crescimento apreciável da conta bancária pessoal. Afinal um homem também não é de ferro.