Talvez seja um reflexo condicionado pela interferência da memória num horizonte mais imediato, mas é-me difícil deixar de ligá-lo a um tempo no qual o «Estado social» ainda não tinha passado a representar «um peso». Quando sigo o conjunto de medidas paliativas do Plano de Emergência Social proposto pelo governo e as vejo muito mais fundadas numa lógica caritativa de apoio aos indigentes do que num processo digno e eficaz de recuperação dos cidadãos carenciados ou marginalizados pela via da qualificação e da reinserção, regresso àquele tempo no qual o limiar mínimo da sobrevivência estava – quando estava – assegurado pelo velho «atestado de pobreza». A nódoa vexatória, a marca de exclusão, está de regresso, em nome de uma resposta das «boas consciências» às necessidades mais elementares das pessoas, e estas são cada vez mais, que subsistem no limite.