A notícia chega de Vila do Conde e, como sabemos, apesar de situada numa região movimentada e de elevada concentração demográfica, Vila do Conde não é propriamente São Paulo. Mas o crime tomou ali uma configuração particularmente preocupante. Na zona industrial da Varziela, onde existe um grande número de lojas de imigrantes de origem chinesa, estas têm sido objecto de uma série de roubos e extorsões à maneira da velha Little Italy de O Padrinho II. Parece que os chineses que se dedicam ao pequeno comércio são, maioritariamente, para além de grandes trabalhadores, tão ciosos do seu dinheiro que preferem guardá-lo consigo a depositá-lo no banco ou a transaccioná-lo sob a forma de cheques ou de cartões de crédito. O resultado é tornarem-se alvos preferenciais de quem se dedica a apropriar-se daquilo que não lhe pertence. Foi justamente o que percebeu uma das quadrilhas da região, agora desmantelada, a qual ao longo de algum tempo se dedicou a espiar os hábitos diários dos chineses e a adaptar a sua mão-leve a esses hábitos, entrando-lhes nas casas enquanto se encontravam nas lojas. O que não deixa de parecer um tanto estranho, para a sociedade quase paroquial na qual ainda há pouco acreditávamos habitar, é que essa quadrilha era composta por imigrantes albaneses. Bem-vindos pois ao presente!
Pós-escrito – Parece-me claro que este post não integra intenções xenófobas. Constata apenas a emergência de uma forma de sociabilidade que ainda aparece entre nós – sugestionados durante décadas pela conversa dos «brandos costumes» – como uma originalidade.