Porquinhos e censurados

Segundo o Yorkshire Post, a directora de uma escola inglesa da região, preocupadíssima com a sensibilidade religiosa dos seus pequenos alunos, maioritariamente provenientes de famílias muçulmanas, resolveu retirar da biblioteca os livros que mencionavam a história de Prático, Heitor e Cícero, os conhecidos Três Porquinhos. Sempre achei as peripécias destes bichos humanizados – concebidas no século XVIII mas definitivamente popularizadas, a partir de 1843, com as Nursery Rhymes and Nursery Tales de James Orchard Halliwell-Phillipps – uma coisa desenxabida, piorada depois na versão moralista e um tanto apatetada de Walt Disney. O mais interessante da história era sem dúvida o seu vilão, o Lobo Mau, que surgia como referente simbólico de um dos grandes medos que durante séculos afligiram os europeus. Mas aquilo que terá incomodado a senhora foi antes a referência subliminar – que deveria ser omitida em nome de uma maneira servil, e um bocadinho patológica convenhamos, de entender a diversidade cultural – a qualquer coisa de comestível. Como carne de porco, por exemplo.

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