Confiando naquilo que Nathaniel Hawthorne contava de Charles Fourier em The Blithdale Romance, este acreditava que o fulgurante e inevitável progresso da humanidade rumo à perfeição faria com que um dia o mar passasse a saber a limão. O fascínio da imaginação utópica assenta em operações e convicções desta natureza, que auguram um futuro de absolutos, programados e construídos à imagem dos desejos e da indeterminada determinação de quem os projecta. Os obstáculos apenas surgem quando os fabricantes de utopias por medida fixam a exata percentagem do açúcar, do ácido cítrico e do sódio da água marítima. Condenando a um degredo sem regresso, os infames, todo o sabor a laranja.