As paredes sujas, a velha secretária, a máquina de escrever, as folhas de papel, os químicos, o lápis e a esferográfica, os cigarros, a caixa de fósforos, o cinzeiro cheio de beatas, os óculos. Só a lupa está ali a mais. Num devaneio da memória, diria que se trata da reconstituição museológica do meu espaço de trabalho em São Martinho do Bougado, concelho da Trofa, na casa de piso único, térreo, sem quarto de banho ou cozinha, onde em 1974 vivi cinco meses de clandestinidade. Mais prosaicamente, é «apenas» a recordação fotográfica do habitáculo de William Burroughs no Beat Hotel de Paris. (Fotografia de Jed Birmingham)