Brevíssimas notas pós-11 de Fevereiro

# Uma vaga de civismo e de razoável tolerância dominou a campanha, se a compararmos com as batalhas apocalípticas travadas em 1998 entre cruzados e sarracenos. Não se verificaram grandes cenas de peixeirada (bom, a D. Laurinda Alves não conta, pois é uma senhora).

# Existem importantes correntes de opinião e de militância cívica que são absolutamente transversais na sociedade portuguesa. Os partidos políticos começam agora a entendê-lo, ainda que possuam uma tendência inata para o esquecerem depressa. Espero enganar-me.

# Uma parte da esquerda percebeu que uma outra, que não pensa tal e qual como ela, não é necessariamente composta por traidores do povo, adeptos da mesma Igreja metodista que frequenta George W. Bush e vis serventuários do capitalismo. Óptimo sabê-lo, camaradas e amigos!

# Como era de prever, a Igreja católica começa a recuar, em termos de influência. Principalmente junto dos jovens e nos ambientes urbanos. Renascerá, como sempre, mas para isso precisará ganhar uma outra cara. Aceitar a contracepção e a educação sexual nas escolas são já pequenos passos que folgo constatar.

# O problema do aborto não desapareceu, evidentemente. Nem o combate por vidas cada vez mais dignas e autónomas. Apenas existe agora um terreno mais limpo para os enfrentar.

    Opinião.