Encontrei por acaso e estou a ler mais devagar do que gostaria um pequeno livro de Tony Judt já com dez anos. Em The Burden of Responsability, o historiador e director do Erich Maria Remarque Institute aborda os trajectos de Léon Blum, Albert Camus e Raymond Aron. Três intelectuais franceses do século XX – intelectuais naquele sentido zoliano fora de moda – que partilhando a atitude de empenhamento na vida pública conservaram sempre uma certa condição de outsiders. Em tempos duros para quem o fazia, quando a pertença a famílias políticas de contornos bem nítidos determinava rapidamente convenientes apoios ou exclusões sem apelo. Quando seguir um caminho autónomo representava um fardo pesado e inevitável para quem se atrevia a fazê-lo. Todos eles pagaram de alguma forma por isso, e, no entanto, talvez também por isso a evocação dos seus percursos lhes devolva hoje parte de uma integridade roubada. Mesmo quando se não aceitam – comigo isso passa-se principalmente com Aron, muito menos com Camus – algumas das suas escolhas.