A OPA e eles

Apesar do estrépito mediático, aquela OPA, como qualquer OPA, desinteressou-me de todo. Bem sei que jamais serei próspero e invejado por não ligar muito à vida financeira do país – ou à minha própria vida financeira –, mas talvez seja um pouco mais feliz assim, sem apertos de ventre por causa do valor das acções, diarreias determinadas pela oscilação dos preços do crude, náuseas impostas pelas sequelas de um qualquer golpe de Estado ocorrido no principado de Andorra. Por isso, pouco mexeu com a minha pacata existência a recém-concluída novela (será que foi?) a propósito da oferta pública de venda das acções da Portugal-Telecom. E, em princípio, nem deveria quer saber – como o não querem saber talvez uns 99% dos portugueses – se foi o dr. Granadeiro ou o eng. Belmiro quem ganhou a contenda. Mas, sinceramente, comecei a preocupar-me um pouco quando ouvi na televisão as entrevistas balbuciantes dos accionistas que em assembleia votaram contra as pretensões da Sonae. Soou-me muito a capitalismo «de patrões», e não a atitude «de empresários». A conservadorismo de quem deseja o lucro imediato e tem medo do risco e da ousadia que, tanto quanto ouvi dizer, serão a fonte da fortuna. Mas poderá ser impressão minha. Coisa de ignaro em questões de boa e de má moeda, um tipo que se esquece sistematicamente de abrir os suplementos de Economia.

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