Uma das formas de censura mais perigosas e perversas é aquela que é feita com o consentimento dos próprios censurados. Não posso deixar de condenar a forma como um determinado jornal diário resolveu ver-se livre de uns quantos colaboradores regulares, deixando no ar a vaga possibilidade de, pontualmente, poder recorrer a eles. Mas incomoda-me igualmente a forma como estes, para não enfrentarem a direcção do jornal e perderem essa eventual possibilidade, ou então por um certo dever de lealdade, entenderam silenciar o facto. Compreendo-os e, para ser sincero, talvez tivesse feito a mesma coisa. Mas como neste caso não tenho obrigação alguma para com a ingratidão e a fraqueza de carácter, aqui fica o apontamento.
Nota posterior: Uma excepção a este «pacto de silêncio» foi expressa por Vítor Dias. Independentemente de me agradar ou não o registo que VD ali exprimia, não posso deixar de destacar a sua atitude.