Este anúncio publicado em finais de 1913 no Times londrino pelo explorador irlandês Ernest Shackleton, quando este procurava homens para integrar a viagem aventurosa de exploração e travessia da Antárctida que comandou entre 1914 e 1916, é verdadeiramente extraordinário. Os termos do anúncio prometem o pior – «jornada arriscada, baixo salário, frio penetrante, longos meses de completa escuridão, perigo constante, duvidoso regresso em segurança» – mas termina com a previsão, «em caso de sucesso», da única e maior das recompensas: «honra e reconhecimento». Nem todos os voluntários integrariam a equipa de 56 homens que em dois navios deixaram as águas britânicas a 8 de Agosto de 1914 para uma viagem que teria momentos intensamente dramáticos. Quem no seu perfeito juízo, nestes tempos de «turismo de aventura» e de riscos muito calculados, estaria em condições de responder afirmativamente a um desafio destes e de pôr-se a caminho de todos os perigos?