Esta campanha para o Parlamento Europeu não tem sido em Portugal muito diferente das anteriores, no que respeita a mostrar-se pouco mobilizadora. Em parte porque, dado o calendário eleitoral deste ano, serve como uma sondagem sobre as próximas legislativas. Mas sobretudo porque para a maioria dos eleitores, mesmo para muitos dos que não se irão abster, «não servem para nada». Não partilho desta ideia, até porque a prestação dos deputados europeus não tem a irrelevância que muitos eleitores lhe atribuem, e tem sido bastante diferenciada, seja no sentido do seu trabalho concreto, seja nas escolhas políticas. Reconheço, no entanto, que no essencial quase todas as vozes e partidos presentes têm subvalorizado os problemas colocados à própria Europa. Na forma de se gerir a si mesma e de resolver os seus conflitos, mas também no modo de se relacionar com o resto do mundo: com as grandes potências – os EUA, a Rússia e a China – que a desqualificam todos os dias, e com os Estados e os povos que nela ainda vêem o paraíso. Mais uma oportunidade perdida para sentir «a Europa connosco» e para discuti-la na relação com o mundo em que vivemos.