Como faz a generalidade das pessoas que têm muitos e constantes contactos fora do seu círculo próximo de vida e de trabalho, recorro inúmeras vezes aos motores de pesquisa ou às redes sociais para conhecer melhor quem me está a contactar ou quem pretendo contactar por isto ou para aquilo. Por vezes para ver por onde anda quem um dia conheci e gostaria de rever. É essencial ler a sua pegada: saber minimamente o que faz ou fez, conhecer-lhe um pouco o rosto, ter um mínimo de referências que nos permita identificar com razoável dose de segurança com quem queremos falar ou quem a dado momento nos procura.
Por este motivo, é para mim difícil entender quem em democracia e com meios para o fazer se esconde por trás de pseudónimos, não tem uma fotografia que seja disponível, não refere minimamente o que faz ou lhe interessa, quase não existe na rede das redes. Está no seu pleno direito, é certo, mas não poderá deixar de se ver limitado nos contactos e de poder levantar alguma desconfiança. Apesar de um ou outro pequeno risco, mostrar a cara, como «olhar nos olhos», é um princípio de confiança que alimenta as relações. O que não acontece se se preferir, seja qual for a razão, permanecer para sempre na penumbra.
Naturalmente, quem vive sob ditaduras não se pode dar ao luxo de mostrar o rosto facilmente, mas aí as circunstâncias e as razões são de uma outra e bem diferente natureza. Felizmente para nós, que, apesar de alguns inevitáveis perigos e desgostos, temos a sorte de, para o mal e para o bem, viver em democracia.
[Originalmente no Facebook]