Análise, lembra o Priberam, é «um exame minucioso de uma coisa em cada uma das suas partes», podendo ainda incluir «a separação dos princípios componentes de um corpo ou de uma substância» e corresponder a «um exame que se faz de uma produção intelectual». Toda a vida, em que, a par do trabalho mais metódico ligado à atividade profissional, escrevi pequenos textos de circunstância que apenas exprimiam uma leitura simples ou uma opinião – comecei a escrever em jornais em 1970 precisamente com uma pequena rubrica de notas pessoais de um parágrafo chamada «Conta-Gotas» – fui-os vendo rotulados de «análises».
Isso levou a alguns mal-entendidos, um ou outro desagradável, pois quem o fazia convertia em afirmação sustentada o que era apenas uma hipótese alvitrada, uma ideia invocada ou uma informação oferecida. Quem escreve publicamente textos de circunstância, a par de outros mais elaborados, já passou por isto, e não estou à espera, tanto tempo e tantas experiências depois, que o panorama mude agora para mim. Admito, porém, que continua a incomodar-me esse equívoco, pois ele acaba, ainda que não seja essa a intenção de quem o produz, por conferir ao texto uma intenção, um método e um alcance que não lhe pertencem.
[Apontamento originalmente no Facebook]