Um dos argumentos usados entre nós pelo PCP e setores próximos para se proclamarem contra o regime democrático vigente na Ucrânia – com os limites naturais de um país invadido e em guerra, tendo as eleições, neste contexto, de se encontrar suspensas – é que o parlamento de Kiev tem deputados «de um só partido». Uma mentira pegada, que só não vê quem não quer ver. Deu-me algum trabalho, mas fiz uma pequena investigação para escrever este apontamento. Atualmente estão ali representados os seguintes: Servir o Povo (centro, o partido de Zelensky), Plataforma de Oposição (centro-esquerda, o 2º mais representado), Solidariedade Europeia, Pátria (o mais à direita), Pelo Futuro, Voz e Confiança. Existe ainda uma ínfima minoria de deputados que pertenceu a partidos efetivamente proibidos, mas que mantiveram o seu lugar como independentes.
Quanto aos partidos proibidos por um decreto governamental de 20 de março de 2022, eram, todos eles, militantemente pró-russos, funcionando, apesar das designações, como quinta coluna do invasor. A larga maioria, com apoios muito residuais, não tinha sequer representação parlamentar e alguns eram apenas regionais, lançados nas áreas de maioria étnica russa. Eram eles o Plataforma Pela Vida, o Shariy, o Nashi, o Bloco de Oposição, a Oposição de Esquerda, a União das Forças de Esquerda, o Socialistas, o Bloco Volodymyr Saldo, o Nossa Terra (excluído em 2024) e o Partido Socialista da Ucrânia (que, de facto, substituía o Partido Comunista, proibido em 1991, tinha Zelensky apenas 13 anos de idade). Todos, repito, pró-russos. Mas é claro que por mais que isto seja mostrado e comprovado, as mentiras continuam a ser utilizadas e a fazer o seu caminho entre quem prefere a fé à razão.