Redes sociais, imagens e ignorância

Uma das marcas do acesso, agora quase universal, ao uso das redes sociais, passa, sabemo-lo bem, pela inclusão de pessoas que, antes de elas existirem, jamais tiveram ou teriam a possibilidade de comunicar de forma pública e rápida. Não dispõem, por esse motivo, dos códigos básicos de civilidade que as formas de comunicação para um público vasto foram desenvolvendo. Têm ainda, em grande parte, um escasso lastro em termos de conhecimento, facilmente acreditando, por este motivo, tanto no que observam ou podem ler – como outrora acontecia com quem julgava certo e sagrado tudo o que estivesse em letra de imprensa -, como no que dão aos demais a ler e a ver. 

Não se trata, todavia, apenas de um peso desmesurado da mentira, do plágio ou da vontade expressa de enganar – que infelizmente também se tem propagado bastante por estes meios -, mas é ainda uma expressão clara de ignorância ou de falta de experiência na decifração ou na transmissão da informação. Só isto explica, nomeadamente no campo da fotografia e do vídeo, a constante disseminação de informações incorretas, com rostos erradamente identificados, localizações trocadas, datação totalmente errada, ou uma completa ausência das autorias, quando não se exibem como próprias imagens de outros, muitas com décadas de reconhecimento. Uma assustadora presença dominante do embuste e da insciência.

    Apontamentos, Atualidade, Etc., Fotografia, Olhares.