Apesar das naturais incompatibilidades da atitude surrealista original perante a moral e a estética do leninismo e do comunismo soviético – as quais levaram Aragon, Pierre Unik, Éluard e Tzara, a abandonarem as suas convicções originais para deixarem de ser simples compagnons de route e se tornarem militantes – é conhecida a fugacidade da aproximação de André Breton ao PCF . Mas nunca entendi o motivo directo que o terá feito entrar por uma porta e logo sair pela outra. Ora acabo de sabê-lo por leituras travessas: em 1932, na primeira e única reunião da Associação de Escritores e Artistas Revolucionários em que participou, destinaram-lhe nada mais nada menos que a tarefa de redigir um relatório minucioso sobre a indústria italiana do carvão.