Plagiu

A descoberta de sucessivas pistas de plágio no blogue pessoal de Luís Filipe Menezes não me espanta. Trata-se de uma prática muito comum no universo da política local (e não só, convenhamos), coincidente com a ausência de ideias ou a baixa densidade cultural de muitos dos seus protagonistas. Se percorrermos o país através das páginas pessoais (ou de textos reproduzidos) de algumas das suas figuras mais ou menos públicas, em inúmeros artigos de uma boa parte da imprensa regional, mesmo em intervenções públicas supostamente originais, encontraremos exemplos constantes de corta-cola-e-cala. Mas LFM não é apenas um político local, pois pretende presidir a um dos dois maiores partidos institucionais e ser primeiro-ministro de Portugal. E ou a coisa está pior do que eu pensava ou uma prática desta natureza é indesculpável, não valendo atirar agora com as culpas para as costas de um qualquer «assessor», supostamente responsável pelos sucessivos actos de cópia não declarada (assinados de facto por LFM, «autor» ou autor do blogue em causa). Numa prova académica, quando detectado, o plágio equivale imediatamente a uma reprovação (e na generalidade das escolas inglesas, por exemplo, corresponde até a uma expulsão): será que, por estes lados, as boas práticas destinadas a combater a fraude e a desonestidade intelectual não se aplicam também aos políticos profissionais? Suspeito que conheço a resposta.

Para quem ainda possa ter dúvidas sobre a gravidade deste tipo de acto, aqui se copia a entrada Plágio da Wikipédia em português (acedida em 22.08.2007, às 14h30, e, sendo de origem brasileira, adaptada aqui ao português europeu):

O plágio é o acto de assinar ou apresentar uma obra intelectual de qualquer natureza (texto, música, obra pictórica, fotografia, obra audiovisual, etc.) contendo partes de uma obra que pertença a outra pessoa sem colocar os créditos para o autor original. No acto de plágio, o plagiador apropria-se indevidamente da obra intelectual de outra pessoa, assumindo a autoria da mesma.

A origem etimológica da palavra demonstra a conotação de má intenção no acto de plagiar; o termo é originário do latim plagiu que significa oblíquo, indirecto, astucioso. O plágio é considerado antiético (ou mesmo imoral) em várias culturas, e é qualificado como crime de violação de direito autoral em vários países.

Plágio não é a mesma coisa que paródia. Na paródia, há uma intenção clara de homenagem, crítica ou de sátira, não existindo a intenção de enganar o leitor ou o espectador quanto à identidade do autor da obra.

Para evitar a acusação de plágio quando se utilizar parte de uma obra intelectual na criação de uma nova obra, recomenda-se colocar sempre créditos completos para o autor, seguindo as normas da ABNT, especialmente no caso de trabalhos académicos onde normalmente se utiliza a citação bibliográfica.

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