A minha atitude diante da presença pública e do trabalho de Eduardo Prado Coelho (nascido em 1944 e morto hoje de forma súbita) foi oscilando sempre entre a admiração, pela constância da sua atitude pedagógica de polemista e intelectual empenhado (dos últimos, talvez), pela sensibilidade de muitos dos seus textos também, e a impaciência, motivada por atitudes aparentemente inexplicáveis de parcialidade, rejeição ou mesmo jactância que certas vezes exibia. Seja como for, e isso é o mais importante, e isso é aquilo que fica, EPC – como era, tantas vezes, impessoalmente chamado – manteve ao longo de vida uma atitude, de certa forma exemplar mas infelizmente rara, de intervenção crítica e de independência no campo largo da atitude cultural, do combate de ideias e da vivência da cidadania. Por isso, pelo que disse, escreveu ou deu a conhecer, foi sem dúvida, como escreveu Eduardo Pitta, o intelectual português mais influente dos últimos 25 anos. Vai fazer-nos bastante falta.