Como seria de esperar, a defesa de Mugabe diante das suaves críticas sobre a situação dos direitos humanos no seu país que teve de ouvir durante a cimeira UE-África centrou-se na recordação do papel histórico das antigas lutas de libertação do jugo colonial – parece que elas justificam a longa licença sabática da democracia em África – e na «arrogância» ou no «complexo de superioridade» dos governantes europeus brancos que fizeram essas críticas. Aguarda-se que os defensores locais das atrocidades consideradas «compreensíveis», ou mesmo «justificáveis» (ainda que eventualmente «lamentáveis»), em nome da emancipação de um sempre luciferino «Norte» e dos direitos perpetuamente legítimos do «Outro» – seja ele qual for, desde que seja de facto «Outro» –, façam agora ouvir a habitual lengalenga.