Diversos têm sido os blogues que têm apontado A Terceira Noite como um dos seus apeadeiros favoritos no ano que agora acaba. Como não se trata de mais uma votação sem critério visível, mas sim da expressão subjectiva do genuíno interesse de quem declara a escolha, agrada-me a empatia que ela revela.
Esta aproximação leva-me a discordar em pelo menos um ponto do artigo «A cultura do blogue nacional», que José Pacheco Pereira fez sair no Público e agora divulga, ligeiramente ampliado, no seu Abrupto. No todo, ele parece-me um retrato transparente – embora apenas um retrato – deste território de partilha. Parece-me excessiva, porém, a crítica da rede das cumplicidades criadas entre esses «viveiros de elogios mútuos e de complacência» que considera dominarem a blogosfera portuguesa. Não que me agrade o «amiguismo» da citação, o constante cruzamento de hiperligações e referências em circuito fechado, o fechamento a quem se situe fora da mesma área política, o elogio da semelhança e a recusa liminar da diferença. São males reais, que diminuem a independência e o próprio impacto dos numerosos blogues que os praticam. Mas um dos aspectos que me parece mais característico deste espaço de comunicação é também a capacidade que este revela para gerar empatias e aproximações, concretizáveis ou não de uma forma física – o que aqui nem sequer é essencial – e criadoras de áreas de sociabilidade tão tonificantes e legítimas quanto o são aquelas que construímos, a partir do papel, em volta do jornal ou do cronista que nos agrada e escolhemos ler.
É esta forma de solidariedade que me parece existir na enunciação de cumplicidades da qual A Terceira Noite tem sido objecto. E é por isso que ela me agrada. Obrigado pois pela preferência.