O DN e Angola
A informação é demasiada e um homem não pode saber tudo. Por isso, somente pelas crónicas de Ferreira Fernandes no Diário de Notícias tomei conhecimento do facto de capitais angolanos irem tornar-se maioritários na gestão do jornal. Entretanto, o que se passa ou não com o DN diz-me um pouco respeito, por razões sentimentais e não só. O meu avô paterno e o meu pai foram agentes do jornal durante décadas e foi nele que aprendi a ler: aos 5 anos punham-me, como a um macaquinho hábil, a soletrar em público os títulos, para gáudio dos amigos do meu avô e como experiência um tanto radical para mim. Depois, foi no DN que formei uma boa parte da consciência do mundo, tendo ainda sido seu colaborador ocasional. Por isso, e porque temos cada vez mais falta de boa imprensa, aquilo que acontece ao Diário me diz também respeito. É esta a razão pela qual não exibo o otimismo crítico e excessivamente simpático de Ferreira Fernandes. Pelo que me é dado pensar quando leio a expressão «capitais angolanos», fico-me antes pelo pessimismo expectante e assumidamente desconfiado. A ver vamos.