Vilar de Mouros 1971 e política do movimento

Os territórios da imaginação que permitem conceber outras regiões funcionam como paragens de autoestrada, como não-lugares que pontuam os trajetos sem lhes imporem constrangimentos. O simples deambular pode então, sobretudo dentro de sociedades nas quais as autoridades se esforçam por privilegiar a imobilidade, funcionar como momento instaurador de um processo de alforria perante a prisão representada pelo pequeno mundo. Percorrer pontos no mapa, somá-los como elementos de um património individual, possibilita, nestas condições, a produção de uma cartografia do desenraizamento. Ainda que frequentemente ficcionada, presume-se que, desdobrando-se a todo o momento, esta encontra-se em condições de libertar o sujeito das inibições visuais que o prendem ao rincão do qual originalmente provém. As modalidades que, na viragem para a década de 1970, o fenómeno estava a assumir em Portugal, foram numerosas.
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