Arquivo de Categorias: Democracia

A cegueira sobre o Afeganistão

É óbvio que o que está a acontecer no Afeganistão traduz uma enorme e manifesta derrota da política dos EUA para a região e mesmo para o mundo. E também, uma vez mais, da total ausência dela por parte da União Europeia. A tentativa de imposição forçada de um modo de vida jamais resultará em lado algum, ainda que por algum tempo possa parecer que isso está a acontecer. O próprio Joe Biden vem agora, de forma surpreendente, lavar as mãos e declarar que é impossível impor um modelo de sociedade a quem o não deseje. Pior ainda, da parte dos norte-americanos, é terem deixado cair os seus numerosos aliados locais, servindo-se de muitos deles e abandonando-os agora, quebrando todas as promessas, à mercê de quem não perdoará a escolha que fizeram ou a que as circunstâncias determinaram. Este é um enorme golpe no estado de graça e no prestígio internacional de que até agora Biden parecia gozar.

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    Atualidade, Democracia, Direitos Humanos, Opinião

    Apontamento quase autobiográfico

    Com algum trabalho de memória para fixar a data, creio poder dizer com segurança que desde 1966 pertenço à grande família política da esquerda. Ainda que de início essa ligação envolvesse mais uma difusa consciência de pertença, nascida num rapaz que estava a começar a quebrar os laços com a sua fé e com a autoridade incontestada, que de um empenho consistente, para o qual, aliás, não tinha idade, experiência, contactos ou leituras. O grande momento de viragem foi, disso já de há muito tenho a certeza, duplamente vivido no ano de 1968, com os acontecimentos de Paris e de Praga, determinantes para perspetivas e escolhas que me moldariam para sempre. De seguida, passando pelos anos rápidos e intensos do marcelismo e da Revolução de Abril, e depois sensivelmente até 1981, foi um trajeto heterodoxo, com uma fase inicial libertária e radical, de seguida mais organizada e razoavelmente consistente.

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      Apontamentos, Biografias, Democracia, Olhares

      Vilar de Mouros 1971 e política do movimento

      Os territórios da imaginação que permitem conceber outras regiões funcionam como paragens de autoestrada, como não-lugares que pontuam os trajetos sem lhes imporem constrangimentos. O simples deambular pode então, sobretudo dentro de sociedades nas quais as autoridades se esforçam por privilegiar a imobilidade, funcionar como momento instaurador de um processo de alforria perante a prisão representada pelo pequeno mundo. Percorrer pontos no mapa, somá-los como elementos de um património individual, possibilita, nestas condições, a produção de uma cartografia do desenraizamento. Ainda que frequentemente ficcionada, presume-se que, desdobrando-se a todo o momento, esta encontra-se em condições de libertar o sujeito das inibições visuais que o prendem ao rincão do qual originalmente provém. As modalidades que, na viragem para a década de 1970, o fenómeno estava a assumir em Portugal, foram numerosas.

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        Apontamentos, Democracia, História, Memória, Música

        Perspetivas do poder local em ano de eleições

        O poder local sinaliza muito do que de melhor produziu a nossa democracia com um historial agora de já perto de meio século. É também uma das áreas da coisa pública onde mais facilmente se podem encontrar marcas de bloqueio e insuficiência. Em ano de eleições para as autarquias, faz sentido projetar uma breve visão panorâmica desta componente fundamental da nossa vida coletiva. Ultrapassadas que foram as intensas, embora fugazes, experiências de democracia direta que foram ensaiadas durante o biénio revolucionário de 1974-1975, aquela que mais perto se encontra do cidadão comum, afetando o seu dia-a-dia, as suas escolhas e as suas expectativas.

        Comecemos pelo início. Durante a ditadura, aquilo a que chamamos hoje poder local era limitado por pesados constrangimentos. Desde logo por não ser democraticamente eleito, sempre sujeito a nomeações governamentais, atribuídas apenas a pessoas fiéis ao regime e provindas das elites. Depois, porque tinham um âmbito de intervenção restritíssimo, diretamente subordinado à orientação, à autorização e à vigilância do poder central, intermediado pelos antigos governos civis. Além disso, dependiam nas suas iniciativas de um apertado regime de influências, sendo a obra realizada, para além de muito limitada na comparação com os projetos que conhecemos hoje, em regra atribuída ao favor de um governante ou à dádiva de um benemérito, cujo nome ficava associado ao melhoramento. 

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          Democracia, Olhares, Opinião

          Esquecimento e desfiguração da memória da democracia

          Num dos últimos livros que escreveu, La mémoire, l’histoire, l’oubli(2003), Paul Ricoeur falava da possibilidade de a memória permitir aceder, não a uma revisitação ou a uma réplica, mas a uma reapropriação lúcida do passado, mesmo daquele mais afastado ou ao qual se encontrasse ligada uma forte carga traumática.

          Destacava também o poder do esquecimento, na sua capacidade para soterrar boa parte de tudo o que aconteceu, mas também na intervenção que detém na seleção, sempre parcial e fragmentária, daquilo que se considera ser merecedor de memória. Ao constatar a impossibilidade real de tudo recordar, Ricoeur vincava o caráter seletivo da memória, concluindo ser a capacidade de esquecer um dos fatores que permite reaver parte do vivido.

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            Democracia, Ensaio, História, Leituras, Memória, Olhares

            Otelo na história da nossa democracia

            Muito provavelmente, de todos os protagonistas da Revolução de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho terá sido, e assim permanece, aquele que sentimentos mais desiguais desperta. Amado e odiado, desde logo pela forma como se tornou um dos símbolos maiores do derrube da ditadura, do qual foi o principal estratega operacional e que comandou a partir de um edifício pré-fabricado instalado no quartel da Pontinha. E de seguida por ter sido um dos protagonistas do processo revolucionário na sua fase ao mais épica e dramática, nela servindo, ao mesmo tempo, como agente mobilizador e como árbitro. Mas também pela forma como viveu os anos pós-Revolução, assumindo-se durante algum tempo como um dos símbolos da resistência à institucionalização de uma democracia estritamente representativa – altura na qual aceitou ser a «consciência moral» de setores que a ela preferiam um «poder popular» que julgavam mais perfeito – e mais tarde, já perto do final da vida, aceitando com alguma amargura que o regime democrático tivesse esquecido o ideal de utopia inscrito na sua matriz fundacional.

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              Democracia, História, Memória, Opinião

              Otelo essencial

              Como quase toda a gente saudável de espírito, ao longo da vida pública e pessoal Otelo Saraiva de Carvalho (1936-2021) foi por vezes algo contraditório. Teve um trajeto de vida complexo, sempre pautado por uma entrega muito grande às empreitadas em que se foi metendo. Daí também os erros cometidos: uma ou outra frase menos pensada pronunciada durante o PREC, a associação ingénua, na ressaca do 25 de Novembro, a um radicalismo político que interpretava como mal necessário, algum momento de desencanto mais para o final da vida. Mas foi sobretudo um dos estrategos essenciais da vitória do 25 de Abril, que comandou do posto instalado no Quartel da Pontinha, para além de homem de um romantismo profundo, o que é sempre marca de convicção e entrega, como mostrou muitas vezes. Talvez uma das imagens que melhor pode ser olhada como sinal do seu legado seja este blusão militar com os galões de major, aquele que usou na madrugada libertadora de Abril e que doou ao Centro de Documentação 25 de Abril. [Fotografia Coolectiva]

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                A grande contradição das causas seletivas

                O conceito de ideologia é complexo e pode ser observado sob muitas perspetivas. Algumas consideram-na uma máscara da realidade, como a de Marx, para quem representou a «consciência falsa» do mundo, ou a de Althusser, que a viu como a «relação imaginária» que cada indivíduo mantém com a sociedade que o rodeia, submetida no domínio do coletivo ao que chamou os «aparelhos ideológicos do Estado». Pode, todavia, destacar-se o seu sentido nuclear como conjunto de ideias ou de doutrinas que consubstancia uma visão estruturada e coerente do mundo e da história destinada a influenciar a realidade. Quando uma ideologia que se pretende libertadora determina uma perspetiva rígida da vida social e da história, confluindo com argumentos ou instrumentos de natureza autoritária – o que tem acontecido demasiadas vezes – acaba por dar argumentos aos que a combatem no que possa conter de justo e construtivo.

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                  Atualidade, Democracia, Direitos Humanos, Opinião

                  Vasco (1935-2021)

                  Quase a completar 86, desapareceu hoje Vasco de Castro, Vasco, o grande cartunista e resistente, que tão vasta e singular colaboração deixou, em jornais de referência e outros que já poucos recordam, e o emigrado político a quem, sobretudo em Paris, tantos recorreram nos anos finais da ditadura. Nunca o conheci em pessoa, mas quando estive em vias de seguir o trilho da saída para resistir à guerra, só o não fazendo porque aconteceu Abril, o nome do Vasco foi um dos que diversos camaradas indicaram como alguém a procurar quando arribasse «là-haut». Ao contrário da maioria dos jovens militantes ultrapolitizados que começaram a chegar à cidade sobretudo nas vésperas de 68, ele viera mais cedo, em 1961, e, de algum forma, era, então, um homem já integrado no meio político e cultural parisiense, ajudando muitos desses imigrados a instalar-se e a superar as dificuldades de adaptação. Nada, todavia, que lhe tivesse esgotado o amor da terra onde nascera. O livro de memórias Montparnasse. Até ao esgotamento das horas, de 2008, que retomou um anterior Montparnasse, Mon village, termina com a evocação da chegada, a 30 de Abril de 1974, ao país agora libertado: «Quando a voz do piloto anunciou que se estava a entrar em Portugal, suponho bem que todos nos calámos e fomos espreitar por cima das nuvens, ingénuos como meninos, de que eram feitos os campos, a cor das árvores e adivinhar o nome dos casarios.»

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                    Conhecimento do passado e democracia

                    A produção e a perda da memória são fenómenos inerentes à vida de todos os dias, seja esta individual ou coletiva. Não se considera aqui o processo essencialmente biológico, traduzido na capacidade humana para recordar experiências anteriores inserindo-as numa narrativa, que a passagem do tempo tende a deteriorar, ou por vezes a embelezar, referindo-se antes o eterno fenómeno da evocação memorial do passado. Ao contrário da história, que é um saber analítico associado a rigorosos meios de prova, contendo uma forte componente de objetividade e segurança, a memória, encarada nesta segunda perspetiva, é em larga medida uma construção livre, subjetiva, ancorada em evocações que chegam, se transformam e logo partem, sempre pautadas por uma dose de incerteza.

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                      O que fomos e o que somos

                      Existem muitas situações e escolhas, vividas no presente, que dificilmente se podem comparar com outras, ocorridas em momentos do passado e só na aparência análogas, que as mesmas pessoas experimentaram. As alterações da realidade social, das práticas culturais e dos direitos políticos, a diferença dos códigos éticos e jurídicos vigentes a cada momento, determinam sentidos muito diversos. É importante entender isto num tempo em que, dada a maior exposição da privacidade, a mais ágil circulação da informação e uma compreensão mais crítica de escolhas e direitos, é fácil responsabilizar-se alguém pelo que defendeu há trinta ou há quarenta anos, sem se ter em conta a transformação pessoal e a do todo. Não me refiro a crimes, cuja prescrição é sempre complexa e muito discutível, mas a valores e a escolhas. Quem tem um curto trajeto de vida, ou reduzido conhecimento da história, pode não entender esse processo, julgando com um olhar de agora o que ocorreu num mundo diferente. Ao contrário, as pessoas mais velhas ou que não se deixam cegar pelo momento, estão em regra mais aptas para atender às circunstâncias. 

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                        O analfabeto que escreve e sabe ler

                        Em crónica escrita em 2014 para o Público, António Guerreiro identificou o portador de um género de analfabetismo que considerou particularmente daninho e enganador. Qualificou-o de «secundário» e distinguiu-o do outro, o «primário», mais diretamente associado à experiência da iliteracia, elogiada por Hans Magnus Enzensberger como algo que pode até conter uma dimensão positiva, uma vez que gera uma inocência primordial. Justamente por ser fundado na insciência, no poder da página em branco, na potencialidade do olhar ingénuo, ele pode ser terreno para as fundações de todo o conhecimento, em particular o mais essencial, de certo modo mais verdadeiro, que é o obtido de forma desinteressada, fruto natural da curiosidade, da atenção e do labor desenvolvido por cada indivíduo. Já o «analfabetismo secundário», afasta-se de tudo isto.

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                          Inaceitável delação na Câmara de Lisboa

                          O escândalo estalou ontem a propósito de um caso, tendo os desastrados esclarecimentos da Câmara de Lisboa que lhe sucederam conduzido rapidamente a outros. É um facto: responsáveis dos serviços camarários têm fornecido informações a embaixadas, onde identificam cidadãos responsáveis pela organização de protestos que questionam os regimes dos seus países. Sabe-se, para já, que isso aconteceu com a Rússia, com Israel, com a China e com a Venezuela. Não me admiraria se tivesse acontecido também, por exemplo, com o Brasil de Bolsonaro. De facto, pessoas com cargos numa importante instituição do nosso regime democrático têm violado a constituição e feito orelhas moucas à proteção dos dados dos cidadãos, contribuindo assim para a perseguição de opositores a Estados que, consabidamente, praticam formas avançadas, algumas delas pautadas por uma grande violência, de repressão interna da divergência. 

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                            A perigosa retórica dos ilusionistas

                            Teve lugar há poucos dias em Lisboa a convenção do Movimento Europa e Liberdade, um agregado de personalidades, partidos e setores do centro-direita e da extrema-direita que se propôs debater ali o que designou «uma alternativa aos 25 anos de socialismo em Portugal», considerados pelos promotores da iniciativa como «um sinónimo de empobrecimento do país». Poderia pedir, a quem teve a ideia, algo tão primário como uma definição de socialismo, ou uma comparação documentada entre esse suposto «empobrecimento» e aquele, bem real, que Portugal conheceu durante o último governo PSD/CDS, mas este não é espaço para o fazer.

                            Em «A Era do Vazio», de 1983, Gilles Lipovetsky abordou a vaga de individualismo que então tomava conta da Europa e das Américas. Mostrou ali de que modo, numa época caracterizada pelo excesso de informação e o culto da exuberância – e ainda por um acentuado recuo das narrativas da modernidade que tinham atribuído um sentido ao percurso da história – a substância das ideias e dos projetos tinha cedido o lugar a um triste vazio, concebido como um território organizado de forma desconexa e desprovida de metas mobilizadoras. Alguns intérpretes da pós-modernidade, como Bell ou Fukuyama, chegaram a sugerir que esse estado de coisas corresponderia ao «fim das ideologias», que por sua vez determinaria um «fim da história». O progresso dissipar-se-ia e a gestão do presente seria a única experiência possível.

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                              Ninguém «é o que é» (Do direito à complexidade)

                              Salvo se formos bastante distraídos, todos algumas vez lemos ou escutámos a conhecida afirmação do filósofo espanhol José Ortega Y Gasset onde este declara «eu sou eu e as minhas circunstâncias». Ela traduz, de um modo ao mesmo tempo simples e complexo, uma atitude de profunda compreensão perante a complexidade, e ao mesmo tempo a falibilidade, do comportamento de cada homem ou mulher. Exprime de igual modo uma perceção – apenas possível após séculos de reflexão e de resistência, projetados como alicerces de uma democracia plena contra o poder da intolerância – da conquista humana do direito à identidade pessoal, à capacidade individual de transformação e à faculdade de redenção de cada sujeito. Enfrentando esta sempre quem julga dominar a definitiva certeza.

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                                Justiça e problemas do #metoo

                                O movimento #metoo teve início nos Estados Unidos durante o ano de 2017, adquirindo uma dimensão internacional que agora chega abertamente a Portugal. Surgiu como uma iniciativa de denúncia individual lançada contra o assédio e o abuso sexual sobre mulheres em regra exercidos por homens colocados numa posição de poder que facilitou a coerção e a chantagem. Sob estas condições, teve à partida um objetivo mais do que legítimo: o de resgatar muitas mulheres assediadas ou abusadas, condenadas também a longos anos de silêncio, de trauma e de um sofrimento visível ou invisível. O que poderia ser mais justo? Todavia, o movimento apenas tem um verdadeiro impacto em sociedades onde a subalternização das mulheres já não se encontra condicionada pela lei civil ou religiosa, ou onde uma efetiva liberdade da palavra pode ampliar o impacto da denúncia e da voz que denuncia. É justamente este o motivo pelo qual, sob o tópico #metoo, as redes sociais têm cumprido um papel decisivo para fazer chegar junto da opinião pública, e também junto de outras mulheres em idêntica situação, os fortes testemunhos que lhe dão forma.

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                                  O sufixo «-ite» e a vida social

                                  Na linguagem utilizada pela ciência médica, o sufixo «-ite» aplica-se em regra a uma doença, à inflamação de um determinado órgão ou à falha de uma estrutura anatómica. Por analogia, ele costuma ser usado também para referir uma certa deterioração do funcionamento associada a atitudes de natureza social ou política que, sob determinadas circunstâncias, assume em alguns indivíduos uma dimensão que pode ser tomada como patológica. Vou referir-me aqui a duas delas, numerosas vezes associadas a uma apreciação pública muito negativa de dadas formas do comportamento pessoal: a «clubite» e a «partidarite».

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