#20 – Só agora li este texto de Nuno Serra sobre a crise (que la hay, la hay) do Bloco de Esquerda. O menos que posso dizer é que, não a achando exaustiva, concordo por inteiro com as teses que o seu autor nele coloca a bold. Gostava de imaginar que opiniões como esta são efectivamente tomadas em linha de conta do lado de dentro. Porque nas fímbrias, às quais pertenço, tenho a absoluta certeza de que o são.
No ar uma nova disposição gráfica. Como acontece sempre, haverá quem goste, quem não goste muito e quem lhe seja indiferente. Procurou-se sobretudo encontrar uma forma de privilegiar o texto e a imagem, reduzindo o ruído suscitado até agora pelas limitações do espaço útil, pelo impacto visual da tonalidade sombria e por problemas na gestão dos arquivos do blogue. Ainda existem aspectos gráficos e de funcionalidade a afinar, o que será feito ao longo dos próximos dias. Se algum(a) leitor(a) deparar com alguma falha grave e quiser comunicá-la, encontra na base desta página o endereço para o qual pode escrever. Um obrigado desde já pela ajuda. E outro para os companheiros e as companheiras, cada vez em maior número, que por uma qualquer razão para mim completamente obscura insistem em voltar a este espaço.
#19 – Quando ainda estão no ar as ondas de choque provocadas pela detenção de Ratko Mladic e pela sua chegada ao Tribunal Internacional da Haia, um excelente artigo de Slavenka Drakulic, publicado no Eurozine, reflecte sobre o que de mais profundo envolve a intervenção criminosa deste indivíduo.
Se A Terceira Noite se ocupa com a cidadania activa, o movimento das culturas e o curso do quotidiano, heterodoxias|21 é diferente. Dedica-se principalmente ao debate das experiências que expõem a diversidade dos modos e a contestação do uno no território das ideias e da criação. Está aqui e é grátis.
#18 – The Lisboners é um novo site-blogue colectivo. «Politics as seen from the european parliament», com Rui Tavares como um dos responsáveis. A requerer leitura diária. Está aqui.
Há dois dias este blogue ultrapassou o meio milhão de visitantes. Em números mais ou menos rotundos isto significa uma média de quase 300 visitas únicas diárias ao longo de um pouco menos de cinco anos. Já a visualização total de páginas por dia, essa ronda as mil. Para um blogue a solo que quase não fala de política local, das chicanas da blogosfera, de sexo explícito ou das transferências do futebol, que mantém um registo relativamente intimista e um padrão de escrita pouco popular, não parece nada mau. Aliás, quando o número de visitantes quotidianos ultrapassa os quinhentos pigarreio um pouco e penso logo que alguma coisa não está bem. Dá portanto para as despesas. Isto é, para manter noite adentro, extorquindo horas ao sono, entre cigarros e bebidas quentes, o prazer de escrever para pessoas que se aqui entram uma vez e depois regressam é porque se sentem bem. É sobretudo para elas – algumas transformadas entretanto em amizades das verdadeiras – que segue um imenso abraço. Acompanhado de um obrigado pela companhia e pela persistência.
Se mais razões não existissem para a compra de um iPad – e existem, como já escrevi noutro post – descobri uma há cerca de oito dias. Esta definitiva para um viciado em jornais como eu. Admito que não serei um leitor vulgar: aprendi a ler pelo velho Diário de Notícias e talvez por isso não mais fui capaz de passar um único dia sem diários, semanários, quinzenários, mensários ou similares. Raramente apenas um, em muitas alturas dois, três ou bem mais. Bastantes vezes, fiz quilómetros a pé ou de bicicleta para descobrir quiosque, livraria, café, mercearia ou barbearia que fizesse o favor de me vender um exemplar. Não se tratando de uma mania universal, não é no entanto uma extravagância, pois muitas outras pessoas partilham este género de dependência. A leitura de jornais através do computador pessoal não veio alterar substancialmente este estado de coisas, uma vez que a leitura é ali algo incómoda e parcial. Além disso, para termos acesso às edições completas precisamos quase sempre de pagar sucessivas assinaturas, que muitas vezes nem temos sequer a possibilidade de aproveitar pois não é a toda a hora ou em qualquer espaço que podemos ler o jornal naquele formato.
O iPad veio alterar esta situação, colocando-nos em cima dos joelhos, quando e onde quisermos, o jornal ou a revista que pretendemos. Mas por-se-ia ainda assim o problema dos custos, não é verdade? Pois não é não senhora. Para além de assinaturas de publicações autónomas a um preço módico – por exemplo, pago 7 euros mensais por 4 números da edição francesa do Courrier International e acesso total ao arquivo da revista – existe um programa e um serviço para iPad (também existe para smartphones, mas aqui não se lê tão bem) que descobri há pouco e me deixou rendido. O programa chama-se PressReader e permite-nos aceder, por uma assinatura que custa 25 euros mensais, à edição completa, igual à edição em papel e com a possibilidade de copiar, guardar, imprimir ou partilhar qualquer artigo, de cerca de 1.700 publicações de todo o mundo. Como dizia alguém, é só fazer as contas: subscrevo neste momento o Público, o DN, o JN, o Expresso, a Folha de S. Paulo, o Guardian, o Irish Times, o Le Monde (o El País e o NYT ainda não aderiram, mas têm aplicações grátis próprias) por um total de 25 euros. Ora só o Público em papel, comprado no quiosque, ficava-me antes por cerca de 35. Chega para testemunhar a alegria de um viciado, a quem, além do mais, acabam de cortar 10% do ordenado? Resta ter tempo e disposição para esta orgia de informação, mas esse é um outro assunto.
#16 – Lá irei, daqui por uns dias. A elas, às eleições. As presidenciais. Para já aqui fica o link para um novo blogue onde militam alguns amigos, companheiros e camaradas de outras guerras. O Alegro Pianissimo. Depois falamos.
Para quem aqui chegue devido às referências públicas ao prémio «blogger do ano» no qual me meteram – «ganho», diga-se, com sucessivas chapeladas cujas origens e objectivos me escapam de todo – , repito o link para o post que escrevi há dias sobre o assunto. Ao qual juntei umas linhas de última hora.
Agora que pude usar durante umas quantas horas um iPad passei a tomar como certas algumas das diferenças que já me constava separarem as máquinas da Apple e da Amazon. Não creio, no entanto, que faça muito sentido procurar definir qual o melhor, se o iPad ou o Kindle, uma vez que se trata de aparelhos muito diferentes, com capacidades e objectivos inteiramente diversos. Aliás, fiquei seguro de que poderei vir a servir-me de ambos sem que a dupla escolha venha a impor qualquer tipo de sobreposição ou forma de ansiedade.
O iPad oferece mil possibilidades, sendo a leitura de livros e jornais apenas uma delas. Para este efeito, existem numerosas aplicações, uma das quais é até nativa da Amazon, permitindo esta a qualquer leitor começar a ler um livro no Kindle, continuar num computador desktop, prosseguir num netbook e encerrá-lo no iPhone ou no iPad. As marcas deixadas num suporte serão automaticamente reconhecidas no outro. O monitor do iPad é maior e mais brilhante do que o do Kinde, sendo mais fácil, graças ao ecrã táctil, marcar as páginas, virá-las ou fazer anotações. Mas cansa mais os olhos. E dilui a atenção, tantas são as possibilidades ao alcance dos dedos. Além disso, a máquina da Apple é maior e bastante mais pesada do que o Kindle, sendo praticamente impossível segurá-la como a um livro se não a tivermos assente sobre uma mesa ou recostada num tripé adquirido como acessório. Ler na praia ou numa esplanada torna-se pois um tanto penoso, piorando a experiência se existir demasiada luminosidade exterior: o tão falado «efeito de reflexo» existe mesmo no iPad mas é, é mesmo, absolutamente inexistente no Kindle.
Insisto pois: o leitor de e-books Kindle aproxima-nos do livro tradicional, cuja abordagem facilita bastante ao libertar-nos de algumas das suas limitações; já o tablet iPad leva-nos para uma dimensão diferente, na qual a cor, o movimento, o hipertexto e o hipermédia, a comunicação com o exterior em tempo real, implicam outra forma de ler, de ver e de interagir.
#4 – Para quem se interesse pelo que de bom, de mau e de normalíssimo acontece na ilha da qual se fala, uma boa pista é Vida na Islândia, o blogue de um brasileiro que por lá vive e trabalha e que visito regularmente desde há algum tempo. Escrito no registo de um diário, sem pretensões analíticas, representa um bom olhar sobre o que é a vida do cidadão comum nesse lugar excêntrico que tendemos a olhar como vagamente lunar. Para notícias na hora, os sites a visitar são este e este (ambos em inglês).
Além de se servir de uma fotografia minha com menos dez anos e mais dez quilos (não é gralha), a editora Angelus Novus deturpou completamente as minhas respostas a um inquérito sobre a Coca-Cola. Padeço de Doença do Refluxo Gastro-esofágico – Bill Clinton também – e não devo por isso consumir bebidas gaseificadas. Solicito pois que não tomem demasiado à letra o que aqui se pode ler. Principalmente as supostas graçolas, pouco condizentes com o meu perfil severo e comedido. Assaz, diga-se de passagem.
A Antígona anuncia para o final deste mês a saída da tradução portuguesa de O Pensamento Político de George Orwell (Orwell’s Politics, publicado em 2002), de John Newsinger. Tempo para tentar compreender melhor, e para revisitar, o percurso complexo do escritor, ensaísta e jornalista inglês que foi também, pelo menos desde os tempos birmaneses de onde emergiu a sua consciência política, um socialista. E para seguir o seu trajecto na Guerra Civil de Espanha, experiência determinante para se entender a irredutibilidade absoluta – que o levou a posições difíceis, polémicas, muitas vezes incompreendidas ou mesmo objecto de calúnia – perante toda e qualquer forma de colaboração com o estalinismo. Um tema e um combate que não pertencem apenas ao passado. Lá chegaremos.
Bastante útil, e também bastante impressionante, a Pordata, autodefinida como «um projecto destinado a todos, pensado para um vasto número de utentes que comungam do interesse em conhecer, com confiança e rigor, mais sobre Portugal». Um serviço público excepcional, a visitar regularmente por quem trabalha ou escreve sobre os últimos cinquenta anos da nossa vida colectiva.
A partir de hoje faço parte – em conjunto com o Daniel Oliveira, o Pedro Sales e o Pedro Vieira, agora também com o Bruno Sena Martins, o João Rodrigues e o Sérgio Lavos – do septeto que concebe, produz e realiza o Arrastão. Um blogue de esquerda, com a batida cardíaca centrada no comentário de actualidade política, que passa a agregar uma maior diversidade temática e estilística.
Transitar de um blogue em solo absoluto, com uma média diária de 320 visitas, ampliada apenas em ocasiões especiais, para outro, colectivo e com doze ou treze vezes mais, irá impor um tom e uma argumentação um pouco diferentes daqueles que podem ser encontrados aqui. Mas acredito que possa ser uma boa experiência, assim eu aguente a pedalada, já que há mais (e muita) vida do lado de fora da blogosfera.
Sei que A Terceira Noite tem características particulares e um padrão de visitante que nem sempre gosta de espaços ruidosos e movimentados. Por isso, não só uma parte dos textos que irei publicando no Arrastão será reproduzida aqui, como outros – notas de leitura, apontamentos dolentes, delirantes ou entusiásticos, textos vindos de experiências menos colectivas – continuarão a ser editados apenas neste lugar nocturno. Descansem pois os visitantes certos, as obstinadas leitoras, que lhes não fugirei, assim queiram seguir-me neste subúrbio. Mas fica o convite para aparecerem pela nova morada.
Durante alguns dias este blogue vai funcionar a meio-gás. Talvez mesmo a um quarto de gás. Os posts serão em número reduzido e (em princípio) necessariamente curtos. Retomar-se-á a aparente normalidade no final de Dezembro. Nessa altura com umas quantas novidades para fãs, amigos e assinantes.