EUA: os votos da esquerda democrata

Quase não tenho encontrado, nas análises das presidenciais norte-americanas, a abordagem de um aspeto importante. Em regra, todos os artigos insistem na importância decisiva de um eleitorado hesitante e facilmente influenciável. Aquele que, parecendo neste momento tender com clareza para Joe Biden, poderá a todo o momento, perante um golpe de propaganda ou uma chantagem de Trump – e isto para ele são feijões – mudar rapidamente de campo. Do que poucos falam é de uma boa parte do eleitorado norte-americano de esquerda, que nas eleições anteriores se recusou a votar em Hillary por antes ter preferido Bernie Sanders e poderá voltar a fazê-lo, entregando milhões de votos perdidos ao adversário. Mesmo tendo Sanders apelado claramente ao voto em Biden.

É verdade que o ódio a Trump e o reconhecimento do perigo crescente e do retrocesso que este representa têm vindo a aumentar entre os eleitores democratas (e até, diga-se, numa franja dos republicanos), mas não é de desvalorizar aquela possibilidade. Uma pecha das esquerdas em muitos momentos da sua história; quando, não podendo vencer, tantas vezes saiu de jogo recusando-se a tomar uma posição ativa e entregando a vitória ao mais forte, ainda que este tenha podido ser o pior. Como aconteceu na Alemanha da República de Weimar quando da ascensão dos nazis, o exemplo mais conhecido. A teoria do «inimigo principal» está sempre presente no debate teórico da esquerda, mas levá-la até às escolhas objetivas requer mais decisão e menos teimosia. A ver se os eleitores da esquerda norte-americana desta vez têm mais juízo.

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    Contra o rancor e a cultura do ódio

    O percurso humano foi sempre profundamente marcado pela violência e pela guerra. Os primeiros relatos históricos – muito curtos, expostos a partir de 3000 a.C. nas tabuinhas sumérias em argila e depois nos grandes monumentos em pedra da Antiguidade Oriental – foram, aliás, os de batalhas que exaltavam os vencedores e amaldiçoavam aqueles que os tinham afrontado, celebrando o seu massacre. A reconstituição das sociedades pré-históricas aponta no mesmo sentido: uma representação do mundo em cujo centro estava a luta pela sobrevivência e pelo poder com o exercício do confronto com o outro como principal experiência. E apesar de as primeiras civilizações terem procurado observar ocasiões de paz, estas foram sempre breves pausas entre largos períodos mergulhados em tensões e conflitos armados. A cronologia da história universal mostra como, até ao presente, pouquíssimos foram os anos sem guerras ou tumultos determinados pelo desejo de aniquilação do odiado adversário.

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      Uma «História» complicada

      Não costumo escrever sobre livros que não li ao detalhe. Durante perto de dez anos fiz crítica sobre livros de história, de filosofia e de política numa revista, onde tratei mais de três centenas deles, e posso garantir que os li a todos, ao ritmo regular de três por mês. É claro que num caso ou noutro passei algumas páginas com maior rapidez – neste tipo de trabalho tento ser honesto, mas não sou masoquista -, embora não tenha deixado de falar com razoável segurança sobre cada um. Desta vez, todavia, vou abrir uma exceção e comentar um livro do qual apenas li alguns dos seus 91 curtos capítulos.

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        O «povo», as «gentes» e o populismo

        Os responsáveis pelo regime derrubado em Abril de 1974 costumavam invocar, na retórica usada para se legitimarem e para efeitos de propaganda, o caráter supostamente pacífico, cordato e obediente do «bom povo português». Num dos seus mais relevantes discursos, aquele proferido em Braga a 28 de maio de 1936, quando da celebração do 10º aniversário da vitória da «Revolução Nacional» sobre a Primeira República, Salazar adicionou aos valores que julgava sagrados e indiscutíveis – Deus, Pátria, Autoridade, Família, Moral, Trabalho – um dever de bonomia e de consentimento que excluía todo o conflito social e o menor indício da luta de classes. A ideia de «povo» que o Estado Novo concebeu e difundiu requeria, de facto, o duplo pressuposto da inexistência de razões para qualquer conflito social e de uma vida coletiva que fluiria na alegre aceitação da ordem política e social em vigor. O recorrente uso do termo «gentes» – «gentes beirãs», «as nossas gentes» – ainda acentuava essa noção de um todo idealizado como uniforme, pacificado e feliz, sobre o qual se exercia a autoridade vigilante e paternal do ditador.

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          A síndroma da Monarquia Lusitana agora

          Quando fez o comentário crítico de um dos primeiros trabalhos escritos que realizei na universidade, um professor de larga experiência atirou-me com um reparo que me deixou perplexo por não lhe ter entendido logo o alcance: «o trabalho não está mau de todo, percebe-se que compreendeu o problema, mas o senhor sofre da síndroma da Monarquia Lusitana». No meu orgulho juvenil, calei-me e não perguntei o sentido da afirmação, mas como tantas vezes fazia, e apesar da na época não existirem, como agora, ferramentas de pesquisa facilmente acessíveis, tratei de decifrar a frase por mim. Não foi difícil, bastando-me ir à secção de reservados da biblioteca da universidade e passar uma bela tarde a folhear alfarrábios com perto de quatro séculos.

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            Vicente (1945-2020)

            Para além de outras atividades e escolhas, quanto mais não fosse por três experiências únicas do jornalismo português Vicente Jorge Silva mereceria para sempre o reconhecimento e a lembrança. Em primeiro lugar, a fundação da nova fase do Comércio do Funchal (1966-1974), o jornal cor-de-rosa que, sem sectarismo e contra a censura, deu voz, principalmente durante o marcelismo, à esquerda da esquerda que não se reconhecia no PCP. Em segundo lugar, a fundação da Revista do Expresso, semanário do qual foi diretor adjunto, durante muito tempo a mais lida, dinâmica e influente publicação de cultura da imprensa portuguesa. E em terceiro, em 1990, a co-fundação e direção inicial do Público, então rapidamente transformado num jornal pluralista respeitado e com um fiel número de leitores. O fragmento de um editorial do Comércio do Funchal que aqui se transcreve mostra um pouco de Vicente (e do mundo que observava) em fevereiro de 1972.

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              A arte da moderação num tempo de extremos

              Na atividade política, como na vida de todos os dias, não é arte fácil a da moderação. Nos últimos cem anos, raros foram os lugares e muito breves os momentos em que ela pareceu dominar a realidade, quase sempre substituída, no confronto entre posições, pela exacerbação dos conflitos, das paixões e das convicções mais absolutas e imutáveis. Mesmo em períodos nos quais, nem que apenas fosse pela exaustão das consciências, se presumiria natural a instalação de alguma acalmia, como os que decorreram no imediato pós-Segunda Guerra Mundial ou a seguir à Queda do Muro de Berlim e ao fim da divisão bipolar do planeta. Aí, foi justamente o oposto que afinal ocorreu, com a projeção de novos antagonismos e certezas. E, no entanto, a sua afirmação manteve-se sempre um pressuposto essencial para assegurar a boa qualidade da vida pessoal e coletiva.

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                Um obrigado de todos os dias

                Ao contrário do que ocorre com algumas pessoas que conheço, muitas delas situadas no meu universo profissional, que preferem a prudência da distância e do silêncio a «conspurcarem-se» ou a «darem o flanco» no ambiente da comunicação através da Internet, em particular no das redes sociais, delas se afastando de todo – estão no seu direito, naturalmente – ou nelas se limitando a episódicas intervenções que tenham a ver com o seu trabalho, a minha experiência tem sido, neste domínio, em regra profundamente compensadora. É claro que já me meti por aqui em sarilhos evitáveis, algumas vezes por culpa própria, sendo também verdade que por estes lados me vi, e por vezes ainda vejo, forçado a conviver com pessoas que me causam urticária e que «lá fora» deixaria sempre à distância profilática de vários metros quadrados.

                Mas perdi também a conta àquelas que aqui passei a conhecer melhor, que aqui encontrei ou reencontrei, ou com quem comecei a conviver, por vezes até de forma física, através do contacto humano e intelectual que este espaço proporciona. Para não falar daquelas outras com quem, por motivos culturais, geracionais ou de temperamento, a distância se mantém, mas cuja personalidade, tantas vezes rica e solidária, neste espaço estou todos os dias a conhecer melhor. Tenho até um vasto conjunto de amigos e amigas apenas «do Facebook» com quem jamais troquei uma palavra ou mesmo um «like», mas que todos os dias me dão testemunho de conhecimento, de vivência, de compromisso e de humanidade. E a quem, todos os dias também, silenciosamente agradeço a dádiva. Mesmo, o que com regularidade vai acontecendo de modo inevitável, após o seu desaparecimento.

                Publicado originalmente no Facebook
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                  «Barão Negro», parte 3

                  Dois anos após ter visto no Canal 2 as primeiras duas temporadas de Barão Negro (Baron Noir), terminei ontem a terceira, agora na HBO. O essencial do argumento permanece: tendo como personagem central Philippe Rickwaert (Kad Merad), desenhado a partir da figura real de um político de bastidores ligado ao Partido Socialista, a série francesa – nesta dimensão, um pouco à escala da dinamarquesa Borgen – sobre os jogos de influência e poder que ao mesmo tempo alimentam e fragilizam os partidos políticos dentro do sistema representativo. Destaca-se nesta temporada a abordagem dos perigos do populismo que o sistema mediático e as redes sociais muito ampliam, bem como os problemas inerentes à dificuldade de contra ele conseguir unir as esquerdas.

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                    Comparar o que não pode ser comparado

                    Não é fácil distinguir de forma abrangente os conceitos de «esquerda» e de «direita». Descartando a ideia incoerente e perigosa segundo a qual se encontram hoje «ultrapassados» por uma prática política pragmática e gestionária na qual não existem verdadeiros antagonismos, é, todavia, possível diferenciá-los no que pode aceitar-se, sem grande controvérsia, como crucial. Para o historiador das ideias e politólogo Norberto Bobbio, a separação situa-se na diferença de atitude afirmada por cada uma das perspetivas face à ideia de igualdade. Neste sentido, enquanto para a direita contam sobretudo a liberdade de iniciativa e a concorrência entre os indivíduos, aceitando-se o caráter natural da desigualdade, para a esquerda é decisivo o papel do Estado como instrumento de proteção do conjunto da sociedade e como fator de igualitarização.

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                      Avatares da bibliometria

                      Como muito bem sabe quem circula pelo mundo académico, a bibliometria, tendo surgido por algumas boas razões – nomeadamente para tentar impedir que certas pessoas progredissem na profissão sem provas dadas, apenas por antiguidade ou por esquemas corporativos de proteção – transformou-se numa doença. Acabou por fazer inverter, no prestígio e valorização da produção científica, a relação entre a qualidade e a originalidade, de um lado, e a quantidade e a mimetização, do outro. Hoje em dia, e por este motivo, a maioria dos investigadores preocupa-se mais em acumular referências no currículo, e assim ir somando pontos e subindo nos concursos, do que em «deixar marca» com um trabalho original, necessariamente moroso e que é escassamente classificado.

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                        Não depois, mas agora

                        O assunto é sempre relevante, embora em alguns momentos, como agora, se destaque na ordem do dia. É um enorme equívoco considerar, com o argumento de que apenas lhe amplia a projeção, que é «perigoso» combater ideias, práticas e organizações de natureza fascista – no sentido amplo e trans-histórico conferido à palavra –, e também as de teor racista e xenófobo, com palavras bem claras e sonoras, com legislação atenta e firme, e com iniciativas enérgicas do lado da cidadania. Pior ainda é afirmar que deve aceitar-se a sua existência e circulação, invocando que o sistema democrático a todos deve integrar, ouvir e respeitar. Como se fosse dever deste aceitar e proteger os seus inimigos, aqueles que o querem desvirtuar ou destruir, e que pretendem, em primeiro lugar, combater os valores e direitos mais fundamentais sobre os quais assenta a sua existência. Uma existência, não pode esquecer-se, que tantos esforços requereu e que exigiu combates com milhões de vítimas.

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                          Três bravos e um rei

                          Em crónica sobre o episódio da fuga de Juan Carlos, o ex-rei de Espanha, Ferreira Fernandes lembrou no Público um episódio que muitos de nós, seus leitores, já conhecíamos. No que me diz diretamente respeito, vi-o em primeira mão em direto, através da televisão, e depois disso li o livro-testemunho, Anatomia de um instante, que sobre o episódio escreveu o romancista extremenho Javier Cercas. Na manhã do dia 23 de fevereiro de 1981, de tricórnio na cabeça e pistola na mão, o tenente-coronel da Guardia Civil Antonio Tejero Molina entrou nas Cortes madrilenas acompanhado de uns quantos subordinados de metralhadora em punho e, como parte de um golpe de extrema-direita que visava acabar com a transição democrática espanhola, disparou um tiro para o ar interrompendo a sessão que estava a decorrer.

                          Quase todos os presentes, deputados e membros do governo, se atiraram então rapidamente para o chão, como pode hoje rever-se nas imagens de arquivo. À exceção de três: Santiago Carrillo, o então secretário-geral do Partido Comunista, Adolfo Suárez, que era o presidente demissionário do Governo de transição, e o general Gutiérrez Mellado, seu ministro da Defesa. O episódio continuaria com a transformação de parlamentares e governantes em reféns e terminaria no dia seguinte com a ordem de desmobilização dada ao tenente-coronel e a sua detenção, talvez o único gesto político verdadeiramente decente da vida do rei Borbón.

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                            No habitáculo das certezas

                            A partir dos dezassete, e por cerca de oito anos, partilhei com um grupo de correligionários, pequeno e bastante jovem, embora politicamente hiperativo, de uma visão do mundo que na época considerava ser a única verdadeiramente certa e com um futuro à sua espera. Porém, ao mesmo tempo que abraçávamos as grandes causas e as dores do país e do mundo, todos vivíamos na grande solidão dos sectários, fechados no nosso círculo de centena e meia de pessoas distribuídas por apenas três ou quatro cidades. Parte dos dias era, aliás, ocupada a ampliar o espírito de seita, erguendo os muros da nossa indómita fortaleza, por vezes combatendo mesmo contra quem de nós divergia apenas em alguns detalhes.

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                              Democracia, Memória, Olhares, Opinião

                              Combater o racismo num país democrático

                              O assassinato do ator Bruno Candé Marques, ocorrido pela uma da tarde deste sábado de julho numa avenida de Loures, foi, de acordo com diversos testemunhos, premeditado e de maneira inequívoca determinado por motivos de natureza racista. Deixou em qualquer pessoa digna um enorme sentimento de dor e de revolta, não só pela vida que se perdeu, para mais a de um homem ainda jovem que todos os que o conheciam apontam como talentoso, criativo e solidário, mas também pelos motivos expressos que determinaram este ato horrível.

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                                Democracia, Direitos Humanos, Olhares, Opinião

                                Consciência crítica e linguagem panfletária

                                O que se designa por panfleto, conceito vulgarizado sobretudo a partir da Guerra Civil Inglesa do século XVII, pode ter diferentes formas. Da página solta ao folheto simples ou desdobrável, do artigo de jornal ao livro, de um certo padrão de discurso público a algumas formas de intervenção artística, possuem em comum participarem na divulgação, de uma forma sempre muito acessível e direta, de opiniões ou de informações destinadas a afetar escolhas coletivas. Os grandes processos de transformação política requerem a intervenção deste instrumento, dado serem as ideias claras e precisas que tomam a sua forma a determiná-los, não os tratados políticos ou filosóficos, que quanto muito os podem influenciar lateralmente. É, pois, na simplicidade que evidenciam que reside a força que detêm, embora seja também nela que podemos encontrar a sua fragilidade e a hipótese da sua perversão.

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                                  Sobre o negacionismo do Gulag

                                  Episódio recente fez voltar alguma atenção para a história do Gulag soviético, bem como para a de outros «sistemas de campos» erguidos em nome dos projetos progressistas que perverteram. Sobre o tema existem hoje muitos milhares de livros e artigos, bem como milhões de documentos publicados, sobretudo no campo da história e da reflexão política, bem como nos do memorialismo e da literatura. Isto torna quase impossível entender, salvo por ignorância ou cegueira, como é possível haver ainda quem negue, legitime ou defenda o feroz sistema repressivo que, também porque mais duradouro, um maior número de vítimas causou. Com a agravante de o ter feito – e de ainda o continuar a fazer, se olharmos o que se passa hoje na China e na Coreia do Norte –, formalmente em nome do direito à igualdade, à liberdade, à justiça e à dignidade humana, que afinal pôs em causa de forma brutal. Levando ao extermínio e ao sofrimento de largos milhões de seres humanos – entre eles também de um número imenso de comunistas e de antifascistas – e manchando o grande ideal do socialismo e do comunismo. Grande parte dos seus defensores ainda não fez o suficiente para se emancipar dessa vergonha, preferindo muitas vezes menorizá-la ou mesmo negá-la.

                                  Deixo aqui um extrato do meu livro No Labirinto de Outubro. Cem anos de revolução e dissidência (Edições 70, 2020, aqui a págs. 106-112), onde o tema é abordado em articulação com um quadro de compreensão teórica ausente, todavia, deste fragmento.

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                                    Democracia, Direitos Humanos, História, Memória, Olhares

                                    Da relevância de falar ao direito a ser escutado

                                    Ao contrário do que entende o senso comum, o sentido de responsabilidade não impõe a moderação, a contenção e o silêncio. Seria assim se o isolássemos como uma escolha pessoal fatalmente associada ao calculismo ou ao medo. «Responsável» seria então aquele que não se intromete, que se cala, mesmo perante as maiores iniquidades, ou então que apenas fala pelo seguro, medindo sempre todos os prós e todos os contras, por isso tantas vezes acabando por jamais se pronunciar. Todos conhecemos pessoas assim, pois elas estão em todo o lado. Desta «responsabilidade», ao mesmo tempo egoísta e complacente, vivem afinal as ditaduras e todos os sistemas iníquos, mesmo quando formalmente democráticos, apoiados na certeza de que a sua observância será suficiente para que a injustiça, o mau governo e a agressão ao bem comum fiquem inquestionáveis e impunes.

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