O 25 de novembro e o centro-direita

Já anteriormente partilhei a memória bastante forte que sei comum a muitos dos homens e das mulheres que como eu viveram o nosso biénio de 1974-1975 de maneira ativa e com alguma dose de consciência política. É a da triste e desesperada manhã do dia que se seguiu ao 25 de novembro de 1975, quando o PREC infletiu claramente no sentido do modelo da democracia representativa que hoje vivemos, afastando-se da dimensão revolucionária a apontar para outras possibilidades. Diversas, aliás, não apenas a do «socialismo autoritário» – partilhado apenas por um setor político – que hoje as forças do centro-direita procuram disseminar como o lado único e negro da sua «verdade» do 25 de novembro.

Naquela manhã, porém, ninguém sabia muito bem o que iria acontecer, nem mesmo que a Constituição aprovada seis meses depois se iria transformar em bandeira da democracia e do próprio socialismo. A sensação partilhada era a de que o sonho do paraíso na Terra tinha ruído de vez e que estávamos de regresso ao país da «apagada e vil tristeza». É essa convicção numa dimensão de liberdade e de justiça efetivos, não apenas formais, que nessa manhã se cria ter sido amordaçada num insuportável ambiente de «fim de festa», que a direita e uma parte do Partido Socialista jamais entenderão. Mas é ela também, queira-se ou não, que integra o grande legado histórico do 25 de Abril.

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    O Zé Mário e a «volta a isto»

    Com a morte do José Mário Branco (1942-2019), para além do artista e do homem que desaparece, é uma das figuras fundadoras e matriciais da «esquerda da esquerda» que parte também. Para a minha geração, e para o pequeno núcleo da utopia de onde venho, uma voz singular e uma personalidade inesquecível que todos/as teremos para sempre na cabeça e no coração. O Zé Mário não foi só o melhor de todos os da canção de resistência e intervenção – como cantor, como músico, como compositor, como letrista, como arranjador, como produtor, tudo por junto -, foi e é também um sinal vivo e sonoro de que, sim, é possível ser-se coerente e solidário a vida inteira. Acreditando todos os dias que é preciso dar «a volta a isto».

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      Sobre a tirania de parecer feliz

      Na mesa ao lado quatro raparigas discutiam de uma forma exaltada, trocando acusações e insultos. A discussão era feia, quase no limite da violência física, e parecia piorar a cada instante. Todavia, algo dava uma tonalidade caricata ao episódio: de cinco em cinco minutos uma delas levantava-se, erguia o smartphone e tirava uma selfie ao grupo. A cada um desses momentos correspondia a suspensão da gritaria e a exibição de súbitos sorrisos de felicidade, de inesperadas expressões de simpatia, de gestos destinados a provar no futuro uma amizade sólida e um momento de serenidade. Situações destas fazem parte do nosso quotidiano, habitado por uma omnipresente vontade de aparentar alegria e felicidade, mesmo quando estas são forçadas e teatrais.

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        Notas sobre a Queda do Muro de Berlim

        1. Trinta anos após a derrocada eufórica do Muro de Berlim em 9 de Novembro de 1989, boa parte do seu cenário permanece na nossa memória partilhada. Mais que uma incomum fronteira física, ele constituía uma metáfora, e as metáforas não se apagam por mera vontade política ou a golpes de picareta. Do lado ocidental, uma pesada vedação de 155 quilómetros contornava todo o perímetro da parte da cidade que não fora ocupada pelo Exército soviético. Desse lado era possível tocar o betão que lhe dava solidez, desenhar palavras de ordem ou street art, escalando até uma posição confortável conseguia mesmo observar-se de longe o hermético «Leste». Do lado contrário, a chamada «barreira de proteção antifascista» era cinzenta e deprimente, eriçada de arame farpado, guardada por polícias de gatilho pronto, ladeada por uma terra de ninguém minada e perigosa para qualquer cidadão que tentasse a mera aproximação ao carcinoma do capitalismo. Em cada metade de Berlim, viviam-se existências delirantes que concebiam a realidade a partir de duas escalas que simultaneamente se olhavam e ignoravam. Como se uma não pudesse viver sem a outra, aceitando que a proximidade se materializava numa distância que condenava cada modelo à inflexível clausura. O Muro era também a metáfora suprema da simetria negra da Guerra Fria.

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          Berlim 89, trinta anos depois

          9 de novembro de 1989. Anoitecia e eu começava a jantar quando tive a invulgar sensação de estar a viver em direto a História. O televisor estava ligado e pude então assistir à «primeira revolução televisionada». Diretamente das ruas de Berlim para os lares do planeta, o Muro de betão erguido em 1961 e a ordem mundial que ele simbolizava desfaziam-se às mãos de uma multidão eufórica que não sabia aquilo que se seguiria, mas parecia possuída de uma consciência clara do que não desejava. Projetado a partir daquele momento, as convulsões do biénio seguinte levariam ao fim dos regimes europeus do «socialismo realmente existente», terminando em 26 de dezembro de 1991 com a dissolução formal e definitiva da União Soviética. Era o desabar do mundo vivido e observado por várias gerações.

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            Catalunha e irracionalidade

            Não vou aqui discutir os termos e possibilidades de resolução da questão catalã. São muito complexos e sobre eles não tenho convicções absolutas, nem grandes meios para as obter. Durante o franquismo fui, obviamente, pela independência total; jamais deixei, e assim continuo, a simpatizar bastante com ela. Pelo que sei dos livros e vi no local, a identidade catalã – histórica, geográfica, linguística, cultural, política, até ao nível das formas de ser, de estar ou de comer – é enorme e persistente. Também o é o seu historial de opressão e de resistência em relação aos poderes instalados em Madrid ou aos seus representantes locais. Compreendo e simpatizo com a vontade de independência ou de autonomia de grande parte dos seus naturais – não se sabe se a larga maioria, já que o referendo foi muito irregular -, embora tenha dúvidas sobre a forma que estas devem tomar e como chegar a elas.

            O que não é aceitável é a defesa da independência passar por um antiespanholismo cego. Uma Catalunha autónoma ou independente não pode ser construída contra os espanhóis e a sua democracia, nem, uma vez consumada, deveria ou poderia viver nessas circunstâncias. Terá sempre contra si, inevitavelmente, os nacionalistas espanhóis, os herdeiros do franquismo, a extrema-direita, mas não pode erguer-se contra a esquerda e os democratas do Estado espanhol, com quem deve conceber estratégias de entendimento, de colaboração e de vida. Isso parece já ter compreendido a Esquerda Republicana da Catalunha, ou mesmo o PSOE e a Unidas Podemos, mas continua a não entender quem, lá ou cá, equipara quem não entende, não concorda ou tenha dúvidas sobre uma independência total e imediata a bandidos e a fascistas. Como sempre, a irracionalidade a nada levará.

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              Racismo e preconceito

              Aconteceu já durante a campanha, mas foi após a eleição da Joacine Katar Moreira, a única deputada do Livre, que teve lugar nas redes sociais e também nos jornais uma vaga de comentários e opiniões negativos e hostis a propósito da sua gaguez. Todos produzidos em tonalidades várias, embora constantes, de ignorância e agressividade, mesmo quando tentaram proclamar-se construtivos e afirmaram estar «apenas a fazer um reparo». Alguns chegaram mesmo de pessoas das quais, pela sua personalidade, escolhas e responsabilidades, jamais pensei escutar tais disparates e injustiças. Tornou-se assim claro que a gaguez da Joacine Moreira serviu apenas de pretexto para a exibição despudorada de preconceitos habitualmente calados.

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                Não, não será a mesma coisa

                Quando no dia 6 coloquei a cruz no boletim, votei no partido político do qual me vejo mais próximo, mas, tal como muitos milhares de eleitores, subscrevi também a «Geringonça», no que isto significa de adesão a uma solução razoável capaz de construir consensos à esquerda, de assegurar alguma estabilidade política e de manter a direita acantonada. Se tomei o gesto como a assinatura de um contrato, deverão, no entanto, ter-me escapado as letras miúdas, pois nada parecia levar a que o resultado final do processo fosse aquele agora anunciado.

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                  «Apenas a verdade…»

                  Poderia ficar calado sobre este assunto? Sim, claro que poderia. E virá aquilo que vou escrever ajudar a resolver alguma coisa? É claro que não, nada. Implicará o parágrafo abaixo um assacar de «culpas» seja a quem for? Também não, a realidade é o que é, nada mais. Move-me apenas o contrariar da camuflagem da verdade e da reescrita da história que está a ser feita. Talvez seja uma mania de historiador. O assunto: o apoio do Bloco de Esquerda e do PCP ao governo do PS que agora cessa funções. Porque aquilo que aconteceu não foi bem o que está a ser contado como aquilo que aconteceu. Em parte por iniciativa de António Costa, na fase mais agreste da campanha eleitoral, mas também por pessoas que acompanharam mecanicamente as suas palavras. Não falo de cor, ou por uma impressão, mas atendendo a factos e a informações pessoais que me deixam contrariar essa reescrita.

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                    Notas e impressões (sobre as eleições)

                    Os resultados das eleições não foram surpreendentes. O PS ganhou como se esperava, ainda que sem a maioria absoluta que pretendia; o PSD teve uma descida menor do que aquela que se aguardava, em boa parte graças ao eleitorado fiel e aos ataques personalizados ao PS conduzidos nas últimas semanas; o Bloco de Esquerda manteve a sua importância central, se bem que sem a subida com a qual se contava; o PCP continua a descer, embora não tanto quanto se previa (já os «Verdes», esses evaporaram-se); o CDS caiu até ao limite, embora dentro do previsto; o PAN continua a subir num processo de apropriação de causas que não domina. E depois há os «pequenos partidos», aos quais a presença no Parlamento poderá permitir crescer.

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                      Opinião pública e peso da responsabilidade

                      O título desta crónica parafraseia o de um livro, O Peso da Responsabilidade, do historiador britânico Tony Judt, publicado em 1998 e traduzido no ano passado pelas Edições 70. Nele se reuniram ensaios de Judt sobre três franceses do século XX – Léon Blum, Albert Camus e Raymond Aron – com percursos e focos diversos, mas que coincidiram na grande influência que exerceram sobre o seu tempo e na forma exigente como interpretaram a responsabilidade particular do intelectual público. Tomada esta num duplo sentido: de um lado, o de quem observa o mundo com permanente atenção e de um modo razoável, liberto dos pesados filtros impostos pelas categorias ideológicas, pelos modismos ou pelos lugares-comuns; do outro, o do sujeito que, agindo e comunicando em função das suas convicções, obtidas através da reflexão e da crítica, as assume de uma forma aberta perante os outros, ainda que tal o possa forçar a colocar-se contra as posições dominantes no seu próprio campo, sendo, por isso, por vezes acusado de apostasia ou traição.

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                        Sempre muitos, a vida toda

                        Seremos nós capazes de ser coerentes a vida toda, ou pelo menos desde muito cedo? Sim e não. É verdade que, estruturalmente, existem traços de nós, aos oitenta, que já construíamos aos oito. Mas ninguém é coerente o tempo todo, por muito que procure dar essa ideia. Como parece acontecer em autobiografias ou biografias encomendadas, por exemplo. Os livros que alimentaram o culto da personalidade dos ditadores tentaram fazê-lo também, embora com o sucesso que se sabe. Na Coreia do Norte o percurso e caráter dos líderes estavam escritos antes até de estes serem concebidos. É também isso que se faz em certos trabalhos académicos, apostados em demonstrar a coerência do autor, da sua vida e da sua obra, bem como a da forma como este as «planeou». Até Marx e Lenine, ao contrário do que já foi escrito, se foram fazendo e contradizendo. E Jesus (Cristo, não confundamos), de igual modo. Ninguém é «isto» ou «aquilo», «assim» ou «assado», a vida toda e para todo o sempre. E mesmo após morrer se pode ir descobrindo que «não era bem o que parecia». Somos é poços de contradições, essa é que é essa. Embora nem todos/as valhamos a mesma coisa.

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                          Uma declaração de voto

                          Nestas eleições irei votar no Bloco de Esquerda. Entre 1999, ano da fundação, e 2011, colaborei muitas vezes com o Bloco e fui seu eleitor. Nesse ano afastei-me um tanto. Por dois motivos centrais: devido ao voto de desconfiança partilhado com o PCP e a direita que ingloriamente acabou por levar aos quatro anos do governo PSD-CDS; e porque me parecia possível e necessária uma aproximação a setores do PS já então disponíveis para a acolher. Devido a estas escolhas, nas eleições de 2015 participei na experiência de uma «candidatura cidadã» que visava estimular essa aproximação para derrotar a direita. O resultado dessa experiência foi inglório, mas o esforço de convergência viria depois a ocorrer sob a forma da Geringonça, com as conquistas, dificuldades e contradições que se conhecem.

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                            As redes sociais como barómetro

                            Esta crónica ocupa-se de um universo que muitos rejeitam ou consideram irrelevante. Não posso discordar mais desta atitude. Como acontece com o telefone ou a televisão, podemos virar as costas às redes sociais, mas não podemos viver sem elas. Oferecem excelentes possibilidades de aprendizagem, partilha e divulgação, bem como de encontros e reencontros, embora, é verdade, abram também espaço para a mentira, a exposição da ignorância e o ódio, levando a que frequentes vezes nos cruzemos com pessoas que na «vida real» evitaríamos. Só que existem, não irão desaparecer, e de um ou de outro modo influenciam poderosamente as nossas vidas. Por isso, não convém ignorá-las.

                            O enorme sucesso desta ferramenta de comunicação deve-se à facilidade de acesso, ao baixo custo e também a possibilidade de dar voz pública a quem habitualmente a não tem. Ao mesmo tempo, porém, permite que se escreva e se opine sem se ter o hábito de o fazer, podendo qualquer um afirmar o que deseje sem pensar duas vezes ou com objetivos pouco claros. É esta, aliás, a principal origem do seu perigo, sendo também por isso que muitas pessoas as rejeitam.

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                              O perigo e o erro da História «certa»

                              O regresso da extrema-direita ao primeiro plano do debate político nas sociedades democráticas tem dado um papel de relevo aos chamados «usos da História». Por isso, é um erro atribuir a esta disciplina um lugar neutro, limpo, silencioso, supostamente acima dos interesses e dos conflitos. Se vivemos a era da globalização, permanecemos ainda herdeiros das estruturas políticas nascidas no século XVIII, o que, como notou Marc Ferro, se reflete em muitos dos problemas e dos confrontos que enfrentamos. Estes continuam a passar por batalhas em redor da democracia e da liberdade, do papel do Estado e dos nacionalismos, do lugar da solidariedade e do individualismo, dos direitos humanos e da igualdade, bem como pelos processos de transformação que seguem modelos e ideais contraditórios, associados a diferentes interesses.

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                                As democracias e o poder dos brutos

                                As redes sociais servem, como toda a gente sabe, ou então deveria saber, tanto para coisas úteis ou mesmo magníficas, quanto para outras bem horríveis e sinistras. Depende sempre de quem as usa, da forma como o faz, da linguagem que usa, dos interesses que representa ou dos princípios que segue. De entre as coisas boas, apesar de relacionada com outras detestáveis, tem servido para denunciar as decisões, escolhas e imposições de figuras tão insanas e perigosas como Bolsonaro, Trump, Salvini, Orbán e agora, ainda que numa outra escala, Boris Johnson.

                                O problema que se coloca é que, apesar das proclamações de espanto ou de indignação, quanto mais impensáveis e intoleráveis são as suas afirmações e iniciativas – ou as dos seus acólitos – maior apoio eles têm entre a larga maioria daqueles que os elegeram e apoiam. As democracias parecem estar entregues ao poder dos brutos, dos ignorantes, dos trolls – em parte por intervenção das próprias redes e de uma comunicação social que esquece a sua dimensão cívica – e isso precisa ser rapidamente pensado e alterado. Antes que as trevas nos submerjam a todos.

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                                  Social-democracia: equívoco ou solução

                                  Quem se interesse de modo crítico pela história das ideias políticas conhece a ambiguidade que há mais de cem anos acompanha o conceito de social-democracia. Declarações de Catarina Martins ao Observador, nas quais considerou existir uma dimensão social-democrata no programa do Bloco de Esquerda, trouxeram de novo alguma atenção a esse equívoco, tantas vezes alimentado por circunstâncias históricas, mas também pelo desconhecimento e pelo dogmatismo. Nada tem isto a ver com o PSD, partido liberal cuja inadequada designação resultou das circunstâncias de Abril, mas antes com os setores que à esquerda olham o conceito com aprovação ou descrédito.

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                                    Na morte de Wallerstein

                                    Durante o meu curso de História vivi algum tempo um equívoco. Como quase todos os teóricos recomendados já estavam mortos ou em vias disso, quando numa aula de história da expansão colonial – muito poucos tinham então a desfaçatez de falar de «descobrimentos» – um certo professor falou de Immanuel Wallerstein (1930-2019) e do sistema de economia-mundo, na minha ignorância dei-o por falecido. Afinal, o sociólogo norte-americano nem 50 anos tinha, e eu estava bem longe de imaginar que três décadas depois ainda viria a assistir a uma conferência sua.

                                    A crítica do capitalismo global e o papel crucial que desde a juventude Wallerstein atribuiu aos movimentos anti-sistémicos, foram entretanto projetando o seu reconhecimento bem para lá do mundo académico, tornando-o uma figura nuclear do movimento anti-globalização e um pensador central para compreender as contradições e dinâmicas do mundo contemporâneo. Desapareceu este 31 de agosto aos 88, mas a sua reflexão continuará a municiar o quadro interpretativo para entender e transformar este lugar do universo que nos cabe.

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